quarta-feira, 9 de junho de 2010

Os Desafios da Educação Virtual



Cada vez mais a educação presencial vem abrindo as portas para que seja inserido um ambiente de aprendizagem virtual. As tecnologias têm possibilitado um grande avanço na educação, tanto no âmbito presencial quanto no virtual. A partir delas, está sendo possível realizar coisas que nunca ninguém imaginava que pudesse ser feito. Um exemplo disso é um brasileiro ter a possibilidade de fazer um curso de graduação de outro país sem ao menos tirar os pés do território nacional.

Com isso, percebe-se a necessidade de uma constante atualização a respeito das tecnologias existentes, de forma que todos saibam quais são; o modo de utilizá-las e o principal: que tenham acesso a elas.

É aí que aparecem os desafios da educação virtual. A dificuldade de acesso a essas tecnologias é muito grande, encontrando-se, ainda, centralizada. Isso se dá pelo fato de que as tecnologias da informação utilizadas na educação virtual possuem um alto custo.

Moran (2005) afirma que, com o avanço das tecnologias, nós nos comunicamos de forma bem mais fácil, rápida, em qualquer lugar e qualquer momento, e isso a custos progressivamente menores, mas altos para a maior parte da população.

Portanto, é necessário que o governo fique atento a esses problemas, a fim de que possibilite a eqüidade de acesso à informação, no que compete a ele.

As escolas particulares possuem grande vantagem em relação às instituições públicas nesse aspecto, pois os alunos e profissionais das primeiras possuem mais acesso às tecnologias e ambientes virtuais, o que facilita o desenvolvimento do aluno e a formação continuada do professor, pois proporciona a aprendizagem a partir de diferentes modos. Já a maioria das escolas públicas não possui recursos financeiros suficientes nem para colocar papel higiênico nos banheiros, quanto mais para investir em novas tecnologias. Computadores, então, tornam-se providências secundárias.

É preciso destacar que não é preciso apenas que haja acesso a esses recursos tecnológicos; é preciso também que os professores estejam preparados adequadamente para realizar um trabalho com qualidade. Esse é um dos desafios da educação virtual, pois a desmotivação e a desqualificação profissional são muito comuns na educação brasileira, o que se aplica a todos os níveis de ensino.

A respeito disso, Iolanda Cortelazzo afirma que “os professores precisam aprender a manipular as tecnologias e ajudar os alunos a, eles também, aprenderem como manipulá-las e não se permitirem serem manipulados por elas”.

Ela afirma também que “orientar os professores para uso das novas tecnologias se faz urgente” e que “a atuação é, muitas vezes, apenas operacional, esquecendo-se da prática pedagógica”.

Quanto a essa questão, Valente comenta que a sociedade atual em que vivemos é considerada como a “sociedade do conhecimento” e que a escola não é capaz mais de prover todo o conhecimento de que o profissional necessita.

Já Amaral, citado por Camila Marques (2004), diz que "a dificuldade geral, hoje, é manter o mesmo nível de qualidade presente no ensino tradicional. Em termos gerais, é tudo muito novo, e fica difícil estabelecer parâmetros para comparar".

Dessa forma, investem-se cada vez mais na educação continuada, numa constante atualização dos trabalhadores para que possam acompanhar o rápido e intenso avanço das tecnologias e dos saberes.

Porém, segundo Kensy (1997), não devemos aceitar incondicionalmente ou nos opor radicalmente a essas novas tecnologias, devemos sim conhecê-los e avaliá-las com um olhar crítico, buscando suas vantagens e desvantagens, riscos e possibilidades.

Em relação a cursos online, Moran (2005) nos adverte sobre alguns problemas na implementação. Essa implementação deve ser feita gradualmente, de preferência mantendo um modelo semi-presencial, pois são poucos os que estão acostumados ou que conseguem ter uma autonomia de seu aprendizado. Isso precisa ser trabalhado antes de se impor um curso totalmente a distância, principalmente se houver pouca ou nenhuma interação. Outro ponto é a dificuldade de se manter a motivação em um curso virtual, além de também desenvolver um ambiente afetivo.

Ele cita alguns problemas, como cursos que são vídeos sonolentos, palestras ilustradas com PowerPoint, vídeos que são produzidos em outros países, que são traduzidos, mas não adaptados. Ele diz também que a desistência é muito freqüente quando esses cursos são longos.

Portanto, é de suma importância que existam cursos virtuais, mas que sejam interativos e lúdicos, de forma que os alunos não percam o interesse e aprendam de uma forma prazerosa, desenvolvendo sempre a sua disciplina e autonomia.

O professor da Universidade de Brasília, Elício Pontes (1999), afirma a respeito da autonomia que:

“Na educação virtual, autonomia é palavra-chave, condição indispensável. Se o aluno não a tem, é preciso que o curso a inclua como um de seus objetivos e que atue, coerente e eficientemente, nessa direção”.

Esse é outro problema encontrado na educação brasileira. A maior parte dos alunos é receptor-passivo e não possui uma boa disciplina para estudar de forma autônoma. Esse é um dos fatores da grande evasão dos cursos virtuais.

Dificuldades vão existir várias, assim como permanece até hoje os problemas da educação presencial, mas não podemos deixar de reconhecer os diversos avanços trazidos pelo mundo virtual. Portanto, talvez a melhor solução seja o virtual atuar nas limitações do presencial e vice-versa, de forma que um complemente o outro.

“O que está claro é que a educação através de novas mídias conectadas é uma realidade cada vez mais presente e que evolui de forma irreversível. Nada será como antes em qualquer nível de ensino”. (Moran, 2005)


Referências Bibliográficas:


MORAN, José Manuel. Tendências da Educação Online no Brasil. Disponível em http://www.eca.usp.br/prof/moran/tendencias.htm

CORTELAZZO, Iolanda. B. C. Pedagogia e as novas tecnologias. Disponível em http://www.boaaula.com.br/iolanda/producao/me/pubonline/cortelazzoart.doc

VALENTE, José Armando. Criando oportunidades de aprendizagem continuada ao longo da vida. Artigo a ser publicado na Revista Pátio. Artes Médicas Editora.

MARQUES, Camila. Educação a Distância: Ensino tem mais vantagens que desvantagens, dizem especialistas. Publicado na Folha Online, em 28/09/2004. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2004/educacaoadistancia/vantagens_e_desvantagens.shtml

KENSY, Vani Moreira. Novas Tecnologias: o redimensionamento do espaço e do tempo e os impactos no trabalho docente. Disponível em http://www.anped.org.br/rbe/rbedigital/RBDE08/RBDE08_07_VANI_MOREIRA_KENSKI.pdf

PONTES, Elício. Ambientes virtuais de aprendizagem cooperativa. Revista Conecta. WISE 99 (Universidade Estadual do Ceará, UNESCO, Governo do Estado do Ceará), Fortaleza, 9 a 11 de dezembro de 1999. Disponível em http://www.revistaconecta.com/conectados/elicio_ambientes.htm

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